sexta-feira, 13 de março de 2015

Trabalhar fora x Maternidade de tempo integral

Esse é assunto que rende muita, mas muita conversa. Aqui vai minha reflexão e minha experiência, baseada em tudo o que aprendi com o evangelho, e que fique bem claro que não tenho reposta pra tudo, mas espero que minha contribuição seja válida e que possamos discutir e encontrar melhores soluções neste tópico.

No mundo afora, uma mulher que possui emprego formal e "trabalha fora", como todos dizem, passa por uma situação delicada após o nascimento de um filho: que rumo sua carreira e vida profissional deve tomar. Sinto particular pressão neste assunto especialmente dentro da Igreja com as mulheres que julgam a decisão daquelas que continuam trabalhando, baseado no modelo de "pai provedor e mãe com os filhos".

Para algumas, a resposta é simples (independente de ser correta ou não): "não vou parar porque não posso", "não vou parar porque não quero e desejo continuar na vida profissional que tenho", ou o oposto também é rápido, "já havia planejado pedir demissão após a licença".

Mas, acho que, na maioria dos casos, a resposta não é tão simples. Há muitos pensamentos, sentimentos e planos de como a nossa vida seguirá após a maternidade, eu pelo menos me encaixo nessa categoria. O que fazer para tomar a melhor decisão?

Imagem: relacionamentos.org


A família Proclamação ao Mundo possui o seguinte parágrafo:

"Segundo o modelo divino, o pai deve presidir a família com amor e retidão, tendo a responsabilidade de atender às necessidades de seus familiares e de protegê-los. A responsabilidade primordial da mãe é cuidar dos filhos. Nessas atribuições sagradas, o pai e a mãe têm a obrigação de ajudar-se mutuamente, como parceiros iguais. Enfermidades, falecimentos ou outras circunstâncias podem exigir adaptações específicas". 

Sendo uma declaração de extrema importância no meio SUD, tenho algumas considerações:

- Não diz que a mulher não possa trabalhar fora do lar;
- Não diz que a mulher é obrigada a assumir apenas as funções domésticas e necessidades dos filhos;
- Não diz que os filhos pequenos não devam ir à escola;
- Não diz que o homem deve apenas trabalhar para o sustento e não ajudar dentro de casa;

- Diz que a prioridade da mãe é cuidar dos filhos, o que não impede dela se organizar para trabalhar e cumprir outras tarefas fora de casa, desde que, claro, não seja apenas para satisfazer suas vontades, mas porque é o melhor para a família;
- Diz que pai e mãe "têm a obrigação de ajudar-se mutuamente", e assim juntos eles planejam como ter o melhor tipo de vida em família possível. Pais ajudando nas trocas de fraldas, compras no mercado e limpeza da casa; e mulheres vendendo produtos em alguns dias de bazares e feiras, trabalhando em empresas e mesmo indo à academia... tudo isso creio ser perfeitamente aceitável.

O presidente Benson falou: "Se precisarem trabalhar, terão uma carga a mais nos ombros. Não podem permitir que seus filhos sejam negligenciados. Eles precisam de sua supervisão nos estudos, no trabalho dentro e fora de casa e na educação que somente vocês podem lhes dar e necessitam do amor, das bênçãos, do incentivo e da presença da mãe". Por isso, é uma decisão bem importante.

Para ilustrar então o que acho melhor nesse tópico, vou falar de mim, e porque tomei decisões profissionais que tem me influenciado até o momento.

Trabalhei em uma indústria por 7 anos. Consegui começar lá através de uma vaga de estágio, que foi muito esperada... eu havia feito pelo menos 5 entrevistas sem sucesso, e esperado por vários meses, mas a oportunidade que deu certo foi a com o salário mais do que dobrado de todas as outras, o que foi uma certeza muito grande de que Deus tinha reservado o melhor trabalho para mim.

Lá, me desenvolvi muito profissionalmente e aprendi muito mais do que podia imaginar na faculdade... apesar de tudo ser uma loucura, eu gostava do mundo corporativo em geral. Consegui ser efetivada e promovida ao longo do tempo, e reconhecida pelos muitos projetos que trabalhei.

Mas quando a gravidez chegou e começou a se desenvolver, as dúvidas surgiram. Vou parar ou continuar. O fato de ser bem distante de casa e em um ritmo alucinante (quem esteve em multinacional sabe bem) eram grandes preocupações, mas o salário era excelente, e gostava do ambiente e de meus colegas, assim como da empresa. Sentia medo de ficar infeliz sem o trabalho, além do dinheiro.

O Mateus nasceu, as adaptações com ele aconteceram e me senti sim, sozinha e sem muito o que fazer nessa fase - assisti muitas temporadas de seriado amamentando - e sem pessoas para conversas diárias, o que não acontecia enquanto trabalhava.

Minha licença não era estendida e o fato de ter que desmamar o Mateus (oq, como vcs sabem, foi sofrido para conseguir) e colocá-lo na escola integralmente com 4-5 meses começou a me incomodar bastante, mas comecei a procurar locais para ele.

Os últimos dois meses até minha decisão final foram EXTREMAMENTE ANGUSTIANTES. eu sofria diariamente com a procura, com as dúvidas e como tudo correria. Eu sentia que aquilo ERA ERRADO PRA MIM, e mesmo tendo condições de "dar um jeito" para o retorno, o tormento não acabava nunca. Aí recorri às orações, pensava que, se O Pai Celestial tinha proporcionado uma oportunidade tão grande para mim no passado, será mesmo que eu deveria deixar isso que Ele mesmo proporcionou? Mas senti que, NO MEU CASO, eu cumpri com meu papel lá, e agora a responsabilidade era outra: com meu filho.

Falei com meu esposo, e disse que ia largar tudo que tinha buscado de escolas para ficar em casa. Que iria na semana seguinte pedir demissão e que faria planos então de trabalhar em alguma outra coisa e que com algumas boas economias que fizemos com meu salário nos últimos anos, e com o salário dele, deixaríamos alguns luxos de lado, mas conseguiríamos pagar as contas gerais, usar as reservas para pagar eventualidades extras, e se necessário fosse, eu voltaria ao mercado de trabalho após um tempo, mas com o Mateus já comendo, andando, falando e mais independente.

Depois de tudo isso resolvido e ações tomadas, parece que um peso gigantesco foi retirado das minhas costas. Me senti aliviada, tranquila e com a certeza de que essa ERA A DECISÃO CORRETA. E por enquanto, assim estou até o momento.

Estou trabalhando em casa, com disciplina e horários definidos: antes do Mateus acordar, durante a soneca da tarde e após ele dormir à noite faço as coisas da casa e da empresa. Acordo bem cedo, durmo mais tarde do que gostaria muitas vezes, e tenho estado satisfeita com isso. Porém, ainda uso algumas economias que fiz desde a época de funcionária, já que o negócio é novo e precisa de investimentos.

Se necessário for, posso voltar a enviar meu currículo e procurar novo emprego, mas não trocaria os momentos que vive nesse 1 ano e meio, até agora, por nada. Ensinei e ajudei muito nosso baixinho, coisas que não conseguiria ter feito estando ausente, Mas, se precisar, eu vou correr atrás.

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Minha conclusão de tudo isso e que foi o fator decisivo se devemos trabalhar fora de casa ou nos dedicarmos integralmente aos filhos é: DEPENDE - ORE AO PAI CELESTIAL PARA ENTENDER O QUE É MELHOR PARA VOCÊ E SUA FAMÍLIA.

As orações e suas respostas foram o que determinaram minhas decisões profissionais, simples assim. Se você tem dúvidas, a fórmula estudo das escrituras, oração e jejum vai te ajudar sim.

O único ponto que acho importante de ser discutido é se a mulher está trabalhando para ajudar sua família no que é realmente necessário, ou se ela trabalha para ter facilidades e somente para ter realização pessoal.

Não estou dizendo que não podemos mais ter momentos próprios - que pode ser aquele momento que vc reserva todas as semanas para um tempinho salão, um curso que vc faça, uma aula na academia, nós merecemos e o pai, outros familiares e amigos podem colaborar para isso, mas a maternidade será a prioridade, e demais atividades serão organizados de acordo com a rotina.

Do presidente Kimball recebemos a seguinte orientação: "Reconheço, (...) que existem algumas mulheres, na verdade muitas delas, que trabalham para atender às necessidades da família. Para vocês, eu digo: façam o melhor que puderem. Espero que, se tiverem um emprego de tempo integral, estejam trabalhando para garantir as necessidades básicas da família, e não para satisfazer o desejo de uma casa bonita, um carro moderno e outros luxos. O trabalho mais importante que qualquer mulher pode realizar é alimentar, ensinar, incentivar, motivar e criar os filhos em retidão e verdade. Ninguém pode substituí-la adequadamente nessa tarefa".

E o Presidente Benson "arremata" essa questão com: "A mãe que trabalha deve lembrar-se de que seus filhos geralmente precisam mais da mãe do que de dinheiro.” 

Por fim, penso que:

Não hesite se você sentir que deve continuar no mesmo trabalho porque é realmente necessário, você será uma excelente mãe;

Não hesite se você sentir que deve parar, mas que as contas da casa vão apertar - tem que ter fé, mas o Pai Celestial vai prover sim com seu esforço, e você será uma excelente mãe;

Não hesite se você sentir que deve mudar de profissão, mesmo que seja algo totalmente inusitado, você encontrará maneiras de se preparar e será guiada pelo Espírito, e você será uma excelente mãe.

Não hesite quando você sentir a resposta pelo Espírito.

E se alguém não gostar ou criticar sua decisão, desconsidere (meu pai não entende até hoje porque pedi a conta), você sabe o que é o certo para você e sua família. Esqueça dos comentários ruins e siga em frente. Se você, como mãe, coloca como prioridade principal o cuidado dos filhos, mas se organiza para as demais tarefas, tudo vai ficar bem.

Espero que seja útil e queria a opinião de vocês: o que você pensa sobre maternidade integral x trabalhar fora?



2 comentários:

  1. Confesso que estou bem aflita com essa decisão já que teoricamente não tenho "muita opção"...Mas vou confiar no que o Pai Celestial quer que eu faça.... Obrigada pelo post Flavia foi de muita ajuda...

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  2. Olha, esse foi um dos melhores posts que já li. Sem mentira! Estava precisando ler algo assim. Ainda nem tenho minha filha, mas este é um assunto que me pega faz tempo! E pensem, TODO mundo me pergunta o que vou fazer. E ainda não tenho certeza. Até o momento o que decidi com meu marido é que trabalharei meio período, e só. O resto do meu dia quero dedicar à Elisa. E estamos planejando um formato em que ela possa ficar por pelo menos o primeiro ano em casa, seja um período com o pai, e os demais comigo.
    Acho que dependendo de em que altura da profissão estamos, a decisão de deixar tudo, ou mesmo rduzir a carga, se torna muito difícil. Mas, como você disse: quem quer a resposta, jejua e ora a respeito.
    Achei extremamente interessante sua análise da Proclamação. Achei excelente.
    Independente de qualquer coisa, sei que esses primeiros anos da criança são decisivos em todos os aspectos da vida dos pequenos. E que, se possível, devemos nos dedicar completamente a eles.

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