sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Quando a maternidade parece que não vai chegar... por Flávia Sphair

Janeiro é um mês especial para mim. No dia 09 de janeiro de 2013, foi a primeira vez que vi o coração de meu bebê batendo forte pela primeira vez.

Para qualquer mãe, acredito que seja um momento divino, mas para mim, foi mais do que isso... foi saber que a gravidez era real, e que a minha vez finalmente tinha chegado depois de espera, frustrações e ansiedades.

Hoje, eu que escrevo à vocês neste blog vou contar um pouquinho mais de um pedacinho da minha história - da escolha de ter um filho até a primeira ecografia - e conto especialmente para aquelas que ainda não realizaram o sonho de ser mãe, mas estão fazendo de tudo para conseguir ter um bebê em seus braços.



Pouco depois de fazermos 2 anos de casados, decidimos que queríamos ser pais. Eu nunca me vi mãe, mesmo logo depois de casar... apesar de tão valorizada no Evangelho, não era uma prioridade pra mim. Mas... alguns amigos tiveram bebês, e percebi, convivendo com eles, que fazíamos coisas boas, e apesar das mudanças serem muitas, a vida era boa demais com filhos. Meu esposo já queria antes de mim ter um filho, e assim tbém concordei com ele que era hora de tentarmos.

Eu tomava anticoncepcional na época e logo no primeiro mês que parei, meu ciclo atrasou... achei que não era nada, ia esperar pelo menos 1 semana, mas fui convencida a fazer um teste de farmácia, e para minha surpresa deu positivo, assim como o exame de sangue. Na empolgação, falamos para família e amigos, mas... a alegria durou muito pouco: 4 dias depois senti a cólica mais forte da minha vida, e muito mais sangramento do que o normal. Foi um aborto espontâneo, eu sabia que a gravidez tinha acabado.

Apesar de na hora ter sido um susto e uma decepção muito grande, bastou um fim de semana para me recuperar, afinal... perder um bebê é mais comum do que pensamos e sei disso porque muitas pessoas que nem imaginava terem passado por isso também conversaram sobre suas experiências comigo, o que me deu um ânimo ainda maior. Viramos a página e fomos em frente.

Foram mais uns 6 meses de tentativas, e comecei a ficar incomodada... acho que a maioria que não engravida em 2 meses já começa a arrancar os cabelos, mas, em um mês que estive um pouco menos despreocupada, tive um novo positivo (pasmem, minha dentista falou que eu estava com a gengiva inflamada e parecia sintoma de gravidez... comprei um teste logo depois da consulta e sorri novamente). Eu tinha uma guia de ecografia comigo, e decidi que queria ver ser era verdade mesmo direto na clínica. Vimos uma gravidez bem inicial, fiquei bem feliz e avisamos nossos familiares.

Cheguei a sentir enjoos por 1 semana, que repentinamente sumiram em seguida, mas nenhum sagramento, tudo tranquilo. Só que era a preparação para um segundo momento de tristeza: fomos fazer a ecografia seguinte e... a gravidez não evoluiu. O coração não batia, o tamanho do bebê era metade do que devia ser, era um aborto retido.

Esta segunda vez foi a que realmente me deixou pra baixo. Por quê não dava certo? E nesta encarei a curetagem. O procedimento em si foi tudo bem, anestesia geral, e nenhum problema físico. Mas o emocional foi duro. Primeiro porque você faz a curetagem em maternidades, fala sério... todos os quartos do lado do seu com os enfeites de porta dos recém nascidos, e você, nada. Mas, os próximos meses foram os mais difíceis para mim. Eu tinha amigas com bebês, e via anúncios de gravidez, e eu não conseguia ficar feliz por elas... eu quase sentia raiva, eu sabia que não devia, mas era difícil controlar os sentimentos.

Foram meses difíceis e esperei um pequeno tempo até a médica dar ok para tentarmos novamente. Aliás, fizemos o mapeamento genético do embrião e descobrimos que ele tinha uma "trissomia", um gene a mais, que na posição que estava era incompatível com vida. A médica nos alertou que esse problema não era derivado de mim ou do meu esposo, foi um problema de formação genética e que nada nos impedia de tentar mais uma vez, só do nosso emocional.

Assim, meu esposo falou comigo. Ele disse que acreditava que se fizéssemos um esforço maior nas coisas do evangelho, nosso desejo seria concedido, afinal, era justo e de acordo com o plano do Pai Celestial. Preparamos algo que ele aprendeu na missão chamado "Compromisso de Poder". Basicamente, são 4 categorias que escrevemos:

1. O desejo que tínhamos;
2. O que nos faríamos para alcançá-lo;
3. Qual sacrifício maior faríamos à Deus para alcança-lo;
4. Qual a benção que Deus nos concederia por isso.

A nossa parte incluiu aumentar a frequência ao templo, melhorar nossas orações e fazer ofertas mais generosas. Foi quase que um convênio, e nossa fé aumentou muito, nos apegamos fortemente nisso.

2 meses depois disso, meu marido teve um sonho: que nós tínhamos um filho, que era um menino e se chamava Mateus. Lembro da convicção que ele disse isso pra mim em uma manhã como qualquer outra na semana, mas que para nós foi diferente. Me agarrei ainda mais nisso e pensei... ele está vindo.

Então, algumas semanas depois do sonho, me senti estranha... um mal estar que não passava. O marido falou pra comprar um teste, e deu negativo. Foram mais 10 dias com o enjoo e com uma sensação de que tinha algo diferente e eu estava grávida sim! Aí comprei o teste mais barato da farmácia, que finalmente deu o esperado positivo, e tive uma certeza enorme de que esta vez seria diferente, tínhamos um compromisso com Deus, e ele daria esta benção para nós.

O exame de sangue deu positivo, e aí eu tinha que fazer a eco. Morri de medo de não ver nenhum coraçãozinho batendo, então decidi o seguinte: como estava próximo do natal e das festas, eu só ia fazer o exame se fosse pra ter certeza de ver um coração batendo. Esperei tudo passar e com quase 3 meses de gravidez fui para a eco. E lá estava um coração acelerado e saudável batendo... 09 de janeiro de 2013 foi um dia incrível que nunca vou esquecer... eu ainda tive um leve descolamento e precisei ficar calma nos meses seguintes, mas era bem leve e de pouca preocupação.

Sinceramente, porquê passamos por essas coisas eu não sei, mas realmente acredito que a hora certa de ser mãe para mim foi na hora que Deus sabia que eu estava preparada para a maternidade. Amadureci muito com tudo o que passei e tbém já pude compartilhar minha experiência com outras que passaram por isso desde então. Acho que tudo me fez despertar o real desejo de ser mãe, o que eu não tinha anteriormente.

Também conheci histórias muito mais difíceis que a minha... muito mais sofrimento, muito mais gasto e muitas outras complicações. Mas todas tiveram finais felizes... e isso não significa que veio uma gravidez: alegrias que vieram na adoção e em outros desfechos que conheci.

Se você está passando por isso agora. TENHA FÉ. Faça sua parte e se sacrifique um pouco mais para alcançar seu nobre objetivo de ser mãe... mas saiba que o Pai Celestial tem seu tempo e seu modo de conceder as bençãos que ele sabe serem melhores para nós.


Depois de tudo, fica a história, a lembrança... mas que todo o esforço e sacrifício, tudo o que for feito VALE A PENA!

2 comentários:

  1. Que post mais lindo! Sei bem como é essa frustração de inicio e essa alegria sem tamanho do momento em que nosso sonho se torna real!!
    O blog está muito inspirador! Estou amando!

    ResponderExcluir
  2. Adoro suas postagens, mas esta em especial, estava realmente inspiradora e tocante. Nao sabia da sua historia, e me impressionei e admirei muito tudo o wue voces fizeram para poder ter o Mateus. Acho que o que mais me tocou foi o que voxe disse sobre despertar o desejo de ser mae. E commcerteza esse foi e é um grande e continuo aprendizado.
    Parabens pelo blog!

    ResponderExcluir